terça-feira, abril 17, 2007

VERISSIMO


- Verissimo!
- O quê?
- Seus textos são parecidos como os do Verissimo.
- Pensei que você fosse falar que pareciam com os do Tolstoi. Droga!
- Eu tenho certeza. É muito parecido mesmo!
- Ok, querida, podemos transar agora?
- Estou falando sério.
- Eu acredito.
- Eu sou doutora em letras, percebo estas coisas.
- E eu que achava que você só percebia meus erros de concordância.
- Até as piadinhas são parecidas. Você é uma espécie de Verissimo piorado.
- Obrigado pelo elogio. Motivação é tudo, em um relacionamento.
- Desculpe
- Não desculpo. Não vou mais dormir por duas semanas.
- Sei lá ... é que sempre me disseram que a falta de originalidade é a pior coisa para um escritor.
- Eu não sou escritor, sou saxofonista
- O quê?
- Foi uma piada. O Verissimo toca saxofone! Esquece, esquece.
- Vamos parar com essa discussão, então! Você não está muito contente!
- Claro que estou! Acho até melhor do que fazer sexo!
- Estou falando pro seu bem!
- Eu sei. No início do relacionamento começa a me comparar com o Verissimo. Imagina no final? Vai me comparar à Fernanda Young?
- Sabia que seus diálogos também parecem um pouco com os da Fernanda Young?
- Isso é uma maneira educada de você terminar comigo?
- Você não está aceitando minhas críticas!
- Estou. Agora tira a roupa!
- Não! Quero discutir suas influências literárias.
- Bom era quando a mulher só discutia a relação!
- Eu não quero ter um namorado acusado de plágio.
- Pode ficar tranqüila. O Woody Allen nem sabe onde fica o Brasil!
- Meu Deus, você também copia o Woody Allen?
- Só os óculos. Mas essa discussão já está me chateando! Você não quer transar comigo e ainda fica me importunado com essas historias bobas.
- Meu bem ...
- Até o Borges já foi acusado de plagiar o Poe. O Saramago, o Kafka.
- Não precisa ficar irritado.
- Eu deveria te obrigar a escrever trezentos comentários no meu blog!
- Para você não ficar com essa cara de cachorrinho desolado, eu faço qualquer coisa.
- Olha, escrevo textos como tantos outros, com elementos do meu universo, como a Internet, o MSN, Orkut, etc. Além disso, ao contrário do Verissimo, só faço diálogos. E acho que meu humor é mais "nonsense" e menos cotidiano. Quase sempre uso metalinguagem. Às vezes cito autores eruditos como Tolstoi, pra enganar! Agora, qualquer um que escreve diálogos entre um homem e uma mulher, com humor, está plagiando o Verissimo? Te odeio!
-Está certo, amor. Quer um carinho?
- Não dá! Fiquei traumatizado. E se amanhã eu acordo com vontade de tomar chimarrão?
- Desculpa, querido.
- Terei que passar dias no analista.
- Pelo menos, não é o Analista de Bagé!